Rapha Moraes está finalizando a produção de seu segundo álbum solo no Nico’s Studio.
Denso e de personalidade provocadora, este álbum traz uma proposta diferente de seus outros trabalhos; mostra pra nós suas íntimas impressões de mundo e as mudanças em sua carreira.
Mixando aqui no Casa da Frente, Rapha – com seu mate a tiracolo e fala suave – falou pra gente sobre o processo e as e as emoções que envolveram o Coração de Cavalo.
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Rapha, conta pra nós porque você escolheu o Nico’s Studio pra mixar o teu segundo disco.
Escolhi mixar o disco no Nico’s Studio pela soma de alguns fatores. O equipamento de alto nível e analógico que nos oferece uma sonoridade muito interessante. A competência técnica do Vinicius e a minha relação antiga com ele. Temos liberdade durante a mix, nos entendemos bem e isso facilita muito o trabalho. É muito fluído mixar ao lado do Nico e esse disco, principalmente, está sendo muito prazeroso.
O que mais pesa na hora de escolher um estúdio?
Muitas questões podem pesar e acho que varia com o disco e o projeto. No meu caso além de todos os fatores que disse na primeira pergunta a proximidade geográfica é muito importante. Esse álbum vem sendo produzido há mais de um ano e foi gravado praticamente todo (tirando a bateria) em casa. Uma parte na chácara onde morei/moro, em São Luiz do Purunã, e outra em Curitiba com meu próprio equipamento.
Essa liberdade e conforto de se fazer as coisas em casa é incrível. O som ganha muito com a energia e o tempo de sobra pra produzir com mais espontaneidade. Também resolvemos assumir o vazamento de som como parte da proposta, como os pássaros cantando ao fundo ou sons mais estragados e sujos. E é assim, como se fosse em casa, que me sinto no Nico’s Studio, onde faço meus sons há mais de 10 anos. E pra esse trabalho esse sentimento caseiro, que nos deixa mais a vontade, é fundamental.
O que está sentindo neste processo de mixagem?
Estou sentindo a alegria das descobertas constantes. Do aprofundamento, da pesquisa, do trabalho e do amor ao som. E é bom ver o Vinícius embarcando nessa. É a música e nada mais. Quando entramos na sala de mixagem não tem mais nada lá fora e só o que a música nos causa é o que importa.
Que influência tem um estúdio no resultado final de um disco?
Toda. No equipamento que muda o som diretamente, no técnico que também influência diretamente e no clima do lugar. A sensação que o estúdio nos causa altera no resultado diretamente. Música é matemática, técnica e também emoção. E o estado de espírito pra captar isso na hora da mixagem, com liberdade e tranquilidade, é fundamental.
O que o público pode esperar do Coração de Cavalo?
Algo novo no que se refere a minha carreira. Tanto em relação as bandas que já tive quanto ao projeto solo. Desde que fui embora de São Paulo direto pro mato pude me sentir mais e digerir o processo caótico que vivi na capital paulistana, tomando algumas decisões pessoais e artísticas. Voltei a amar música como era na minha adolescência, escutar sons sem parar e ir em busca, no meu som, de tudo o que ela me causa. Tenho a alegria de compartilhar a produção com um grande amigo de tempos que é o parceiro Allan Yokohama que topou a imersão comigo. Além, é claro, do Juninho Jr. e Noélle Bonacin que aceitaram bravamente os desafios propostos e embaracaram na loucura toda, agregando muito musicalmente para o disco.
O Coração de Cavalo representa isso tudo e espero que ele cause nas pessoas pelo menos um pouco do que ele já representa pra mim.
Rapha, Vinicius e Allan durante a mix de Coração de Cavalo, que será lançado em 2016.
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